sábado, 29 de outubro de 2005
“Amigo é coisa pra se guardar, do lado esquerdo do peito...”
Milton Nascimento
Assim deveria sempre ser. Mas, sabemos que muitas vezes, cantamos essa música, pensamos assim, mas na prática nada disso acontece. A correria do dia-a-dia acaba nos trazendo sempre a mesma desculpa: não tenho tempo.
Quando percebemos, o dia já passou, a semana já se foi, o ano está no fim. Não visitamos nossos amigos, não tiramos um tempinho para um telefonema, muitas vezes, nem mesmo um e-mail, enviamos para aqueles que mais gostamos.
O ser humano precisa ser mais passional, precisa se entregar mais às amizades, ao simples prazer de bater um papo com os amigos.
Isso nos faz um bem muito grande. Faz bem para a alma, faz bem para o coração. O dia que começarmos a agir assim, nossa vida vai ser muito melhor.
Enfrentaremos algumas falsidades, traições, frustrações, mas tudo isso faz parte de nossa vida. E é por isso que a vida é bela, que nos traz a alegria de viver. Se tudo fosse certinho, sem traumas, sem erros, o tédio seria tão grande que iríamos parar de viver. Portanto, viva todas as amizades. Curta ao mais que puder, todos os seus amigos. Aproxime-se mais. Uma pessoa sem amigos é como um deserto, embora ainda tenha vida, não tem a beleza aparente. Vivamos sempre a amizade, seja virtual ou real, elas vão sempre nos deixar coisas boas.
terça-feira, 18 de outubro de 2005
Começos estranhos.
Diamantes são encontrados em meio ao carvão. Alex tinha isso em mente pois acabara de ter novamente sua confiança traída.
Ele e Hamilton eram incrivelmente amigos, mas aquela amizade fortificada de três anos havia desmoronado em um minuto: O minuto em que Alex surpreendeu seu melhor amigo com sua namorada. E a dor foi até pior do que água fervente jogada sobre o ferimento em carne viva. O mundo apenas havia parado. (...)
Denise estava péssima. Sua mãe notara o apetite reduzido nos últimos dias, e que a filha não mais saía do quarto senão para ir ao banheiro ou tomar água. As refeições estavam sendo servidas no quarto.
Apesar da preocupação, a mãe preferia não se envolver nos assuntos da filha. Na certa era o término de algum namoro. Mas para Denise seria bem melhor se fosse realmente isso. Na verdade foi o término de suas poucas amizades. As garotas fingiam muito bem. Mas não foi o suficiente para não serem flagradas criticando duramente a ex-melhor amiga. (...)
Arthur havia desistido. Sempre que tentava puxar conversa com algum dos colegas de classe, era a mesma decepção. Alguns deles viravam as costas, alguns deles escapavam conversando entre si enquanto outros simplesmente riam na cara dura. Algumas vezes ele era tão requisitado que tinha de dividir sua atenção entre todos os outros alunos da sala de aula, nos dias de exame. Demorou um pouco para que ele percebesse que seu esforço jamais valeria a pena. Todos já tinham a imagem de um nerd entediante e sem graça quando se lembravam de Arthur. (...)
Estava garoando durante a tarde. O céu escurecia cada vez mais, e os transeuntes iam cessando no caminho até a praça. Agora, estavam lá, três jovens infelizes e temorosos por suas vidas. Cada um deles meditando sobre a amizade. Quê seria a amizade, tão falada entre todos? Em um dos bancos, uma garota de má reputação se reprimia pensando exatamente no quê deveria mudar para conseguir amigos verdadeiros. Ela se lembrava de todos os momentos em que aquelas garotas lhe mandaram bilhetinhos, lhe contaram as novidades e lhe disseram que a amavam com aquele tão estupidamente amor mascarado.
A alguns metros de distância estava uma outra vítima da desdita que causa a falsidade daqueles que julgamos bem. Pobre garoto traído. Que diriam seus pais se o vissem naquele estado... O filho mais alto e mais forte chorava agora como uma garotinha. “Nunca mais terei amigos, nunca mais” prometeu ele.
Um pouco afastado dos outros dois, estava um que nunca teve a chance de ter um falso amigo, pois nunca lhe deram uma chance para tê-la. A maioria deles tinha vergonha de ter um amigo estranho daquele, que só fazia uso da linguagem padrão, e tinha um certo ar arrogante. E o cara que sempre buscava e conseguia as respostas para suas perguntas se encontrava agora numa calçada, tentando responder à pergunta que havia dominado sua mente e todos os seus conhecimentos: Como é um amigo?
Três jovens, três vidas, três histórias. O céu escurecia no mundo no qual eles deixaram de viver naqueles momentos de reflexão. Naquela praça, as primeiras gotas da chuva começaram a se fundir com as lágrimas de cada um deles. Os relâmpagos acendiam suas inseguranças, os trovões atiçavam seus medos. Mais do que desesperados eles estavam, não pela tempestade que começara, mas sim pelos caminhos que tomariam agora. Aflitos pelo momento em que seus corações batiam forte, seus pensamentos dançavam em suas mentes. Tudo era muito confuso, tudo era anormal, diferente daquela tempestade. A água gelada em seus corpos nada era em comparação à suas almas congeladas no tempo. Uma tempestade era realmente natural demais. Aquela confusão inexplicável em seus mundos interiores eram o real pesadelo. Medo. Medo. Medo.
Mas um estrondo celeste, duas nuvens anunciaram que eles deveriam se proteger de alguma forma pois a tempestade ainda era perigosa. Em uma pausa nas suas meditações, os três que pensaram estar sós na praça, foram às pressas ao quiosque da praça. Os dois garotos cabisbaixos se esbarraram ao entrarem na cobertura. Denise se assustou com a presença dos dois, e sentiu que deveria dizer algo. “Olá.”. Eles responderam. Arthur percebeu os olhos inchados dos outros dois que evitavam se olhar. Arriscou dizer algo: “Tudo bem com vocês?”. A garota acenou positivamente com a cabeça, enquanto o outro ignorou a pergunta. Denise estava péssima, mas talvez aquele garoto estivesse pior. O som das gotas na cobertura se misturavam à sua voz. “Você não está bem não é?”. Alex pediu em gestos para que ela repetisse. Denise reformulou o que gostaria de dizer... Não aguentou o peso, talvez aquela fosse uma boa oportunidade de gritar “VOCÊS ESTÃO BEM? POR QUE EU NÃO ESTOU NADA BEM E PRECISO CHORAR, ESPERO QUE NÃO IRRITE VOCÊS.” E os seus berros histéricos foram a chave que abriu a porta de uma apresentação. Conversaram entre si e viram que tinham algo em comum: A vontade de encontrar alguém que os amasse, e escutasse suas novidades, e que fosse sincero, e que pudesse fazê-los entender o que é a tal – tão falada – Amizade. Havia parado de chover. E dali alguns anos eles descobririam que a pessoa que eles estavam descrevendo naquele dia eram os outros dois no quiosque. E descobriram juntos o que é um amigo.
terça-feira, 11 de outubro de 2005
foto: Geraldo Borges - alterada por Tom
"We all need somebody who will always run to and I will always be that one for you."
(Emma Bunton, Helene Muddiman, Mike Peden)
Éramos nós cinco. Sempre juntos, sob o sol ou sob o luar, jovens inconsequentes e alegres sempre a cantar, a paquerar, a nos divertirmos.
Éramos sempre nós juntos em todos os passeios. Os cinco naquele carro velho, sempre traçando nossas estratégias ao longo do caminho, trocando confidências, impressões, discutindo, brigando, fazendo as pazes. Éramos só nós cinco e aquele carro. Como irmãos.
De repente, nos vimos num enorme turbilhão. Tivemos muita sorte, os nossos sonhos mais íntimos tornaram-se realidade. Tudo aquilo pelo qual lutamos juntos por tanto tempo.
Mas a vida segue, mesmo após o primeiro sucesso, não segue? Logo o mundo começou a cobrar de nós, e nos vimos obrigados a crescer o mais rápido possível para não sermos engolidos por ele.
Mas, mesmo assim, estávamos juntos. Éramos nós cinco, sempre juntos, apesar de tudo.
Até o dia em que você sonhou mais alto... sim, você desenvolveu outros interesses na vida, realizou um sonho e precisou de mais um motivo para sonhar e batalhar, em vez de descansar nos louros da glória... você seguiu em frente, e não podia nos levar junto contigo, desta vez. Não éramos mais cinco...
Mas a vida segue, mesmo após as primeiras perdas, não? Logo o mundo começou a cobrar de nós, e nos vimos obrigados a nos tornar mais fortes, para não sermos engolidos por ele.
E não soubemos mais o que estava acontecendo conosco... tudo se passou muito rápido e nada mais era natural como no nosso começo... mas, ainda assim, éramos nós quatro e você, mesmo longe, a torcer por nós.
E o tempo fez a sua ação: passou. E levou consigo nossa inocência. Logo o mesmo desejo que lhe acometeu também nos apeteceu. Nos vimos crescidos e com as asas prontas e fortes. Mas não tínhamos a sua coragem de botar a cara para bater, não queríamos deixar aquele círculo tão forte ao qual nos prendemos para poder voar livremente, mas, ainda assim, tentamos, um a um.
O sabor da independência nos inebriou e assim, o grupo tão forte não nos pareceu mais interessante. Mas nenhum de nós teve coragem de admitir isso, e ainda cobrávamos uns dos outros mais atenção ao grupo, a atenção que nós mesmos não queríamos dar. Vieram as brigas, as intrigas, a separação.
Definitivamente, não éramos mais cinco ou quatro. Éramos apenas garotos covardes.
Hoje, não vejo sinais de que, um dia, poderemos sequer nos reencontrar todos e passar, pelo menos, algumas horas juntos. Definitivamente, aqueles cinco caras que saíam no carro velho não existem mais. Não é surpresa, nada dura para sempre. Mas eu esperava, do fundo do coração, que a amizade do grupão persistisse.
É um capítulo superado, página virada, a vida segue e tudo precisa mudar. Mas não poderemos negar nunca o quão próximos fomos... e eu sinto saudades destes tempos. Sincera e ardentemente.
Hoje, nos vemos muito distantes uns dos outros geograficamente. Nossas vidas tomaram os mais diferentes rumos. Mas sei que, no fundo, no fundo, ainda resta em nós um pouco daqueles caras. O carro? Não tenho nem idéia do que aconteceu com ele. Nada é eterno, tudo muda. Tudo precisa mudar.
Talvez seja uma grande besteira minha, mas este grande texto, esta grande carta é para dizer, antes que vocês a joguem fora, que eu sinto muito por tudo o que eu possa ter dito e feito que tenha magoado a todos vocês, e lhes perdôo pelo mesmo que possam ter feito a mim. Não somos crianças, não vale a pena guardar mágoas. Vale, sim, guardar os bons momentos que passamos juntos, vale a pena guardar na memória o fato de que, apesar de tudo, SOMOS AMIGOS.
Esta grande carta é, antes que vocês a joguem fora, para dizer que, onde quer que vocês estejam, como quer que vocês estejam, estou sempre junto a vocês em espírito. Sempre que precisarem, lembrem-se de mim, e eu estarei por perto, meus amigos. Estarei por porto POR VOCÊS...
Peço perdão pelo atraso, pessoal... estava sem net... participando do ELEA, no Maranhão... mas antes tarde, que mais tarde!
sábado, 1 de outubro de 2005
Clichês sobre amizade, existem muitos. Poderia começar aqui com vários deles. Mas prefiro tentar de uma maneira diferente, uma maneira que pode ser que nunca vai ser posta em uma montagem de power point, ou que nunca vá virar corrente na internet. Mas de uma maneira sincera, que seja universal. Afinal, todos sabem que é complicado estar só. Quem está sozinho que o diga...
Enfim, o que penso da amizade:
Amigo não é aquele que está contigo todas as horas, mas sim aquele que some sem explicações por um ou dois dias. Por que? Porque amigo mesmo é aquele que quando resolve aparecer, te deixa contente, e quando conversam parece que há muito tempo não se vêem.
Amigo não é aquele que sempre está ao seu lado, mas sim aquele que te dá uns esporros de vez em quando. Por que? Porque nem sempre você pode estar certo de todas as coisas, e ele apenas está tentando fazer com que você não pague um mico na frente dos outros.
Amigo não é aquele que sempre te apoia, mas sim aquele que vira as costas para você. Por que? Porque toda vez que você cometer uma besteira, você não pode querer um comparsa. E ele certamente vai voltar a falar com você depois que você reparar os seus erros. Amigo que é amigo quer o seu bem, nem que para isso seja necessário deixar de ser seu amigo.
Enfim, amigos que são amigos são aqueles que te querem bem, cada um a seu jeito. Mas sempre lembre que amigos não são santos. São sim aqueles que te ajudam a formar o seu carater.
*Dedicado aos escrevinhadores Felipe, Tom e Flávio; aos amigos Fellipe, Juninho, Danilo, Arnaldo, Bola, Helen, Natascha, Natalia, Fire, e todos aqueles que de alguma forma me ajudam a ser o que sou. Obrigado.