Não. Não me parece boa idéia, descartemos isso, deixa pra lá. Nossos descendentes podem fazer escolhas erradas com todo esse avanço que certamente virá. E eu é que não quero estar aqui pra ver. E se estiver ainda de pé - metaforicamente falando - que seja muito fácil: se é pra ficar alienado, que inventem uma maneira de me tirar as retinas, que desse desastre não quero nem saber. Segue aí três casos possíveis que eu inventei agorinha. Ou não...
CENA I
Dois senhores no bar, conversando.
- Manoel, quando que é seu aniversário mesmo?
- Dia 21 de abril.
- Legal. Quantos anos? Se me permite perguntar, claro.
- Sem problemas. Vou fazer 142.
- Que coisa. Dez anos mais velho que eu. E nem parece.
- Obrigado.
- Mas me diz, Manoel, o que você fez para parecer mais novo?
- Simples, Antônio. Depois que eu troquei meus órgãos por órgãos artificiais, tudo ficou mais fácil. Só foi trocar o rosto por um mais novo. Recomendo.
CENA II
- Querida, cheguei.
Os dois se encontram na porta de entrada da casa, se beijam carinhosamente. Ele, Renato, 35 anos, moreno, olhos claros, cabelos negros caindo nos ombros, vestindo um terno já meio batido, mas nada muito chamativo. Humano. Ela, Cássia, 30 anos, morena, cabelos negros e longos, olhos azuis, vestindo uma roupa casual. Fruto de avançada tecnologia robótica.
- O que temos para jantar hoje?
- O de sempre, Renato. O de sempre...
- Não conseguiu variar, ainda?
- Não. Não consegui achar o programa que atualiza as receitas.
- Que pena. Lá vamos nós comer canja de galinha novamente... cadê as crianças?
- Foram passear no shopping. Só o Lucas, que está dormindo.
Renato entra no quarto do pequeno Lucas, seu filho de três anos. O menino dorme tranquilamente, Renato observa. Quando ele se aproxima mais do berço do garoto, este acorda e começa a chorar em alto e bom som. Com todo cuidado, o pai o carrega, levanta a camisa da criança, localiza o controle de volume em suas costas, e deixa no mudo. Lucas volta ao seu sono tranquilo.
CENA III
Um grande público prestigia uma partida de futebol. Há grande rivalidade entre os times, é um jogo disputado, muito corrido. A multidão vibra com as jogadas. Até que um lateral do time X acerta em cheio a perna esquerda do atacante do time Y. Fratura exposta, coisa feia mesmo. Entram os médicos no campo, prontamente. Correm para socorrê-lo. Ele não esboça nenhuma reação. E a perna lá, toda torta. O médico-chefe analisa a perna, coça o cavanhaque e grita.
- Ô Jorge, pega uma perna de titânio lá no vestiário, uma esquerda. Vamos ter de trocar essa.
O tal Jorge corre e volta com uma perna esquerda novinha. Retiram aquela que entortou com o impacto, rosqueiam a nova e o jogo segue normalmente.
2 comentários:
Muito bom!!!! Adorei as micro-cenas!!! São quase roteiros de curtas-metragens!!! Agora o "pepino" sobra pra mim, não é? hehehe... É um tema que instiga... estou pensando... pensando... logo, existo! hehe... Abração e mais uma vez, parabéns!
PS>: vc já escreveu algum roteiro?
Nossa, mãe...
Exatamente como eu imagino o futuro da medicina!!! UAUS!!!
Transmissão de pensamento DEZ!!!
Assustadoramente surreal, e ao mesmo tempo, tão real...
Postar um comentário