sábado, 20 de agosto de 2005
Vidas que vivem por vidas que não mais vivem...
(...) Sua caixa tinha poucas moedas, e ela poupava sua voz já rouca, com suaves sussurros pedindo uma ajuda qualquer. O vento gelado batia no rosto sardento, e retalhos de tecido velho eram a única maneira de se proteger... A vida nunca fora gentil com Samantha. Cresceu numa pequena zona suburbana de Sampa. A mãe, qua havia deixado Sergipe para tentar vida nova em São Paulo, vivia doente e os seus três pequenos trabalhavam duro, passando nas casas da vizinhança para conseguirem os alimentos da semana. Não era uma vida triste apesar de tudo, triste havia de se tornar após AQUELE acidente. Num incêndio misterioso que sabotou os barracos da área, ela perdeu sua família, a única coisa de real valor que tinha na Terra. Foi um grande choque, mas ela tinha de continuar, por eles. As coisas estavam muito longe de se tornarem boas.
Andando por São Paulo, imensa floresta de concreto, uma vida tenta se manter chamada de “ vida”. Foi mais que necessário pra sua jornada: um amigo, seu cachorro Bob; e uma nova filosofia de vida. “Viver é uma prova de amor” . Sim, por eles ela perambula sem destino, desafiando às míseras possibilidades de se estabelecer nesse mundo algum dia. Por eles ela é ignorada pois muitos são os que nem mesmo têm tempo pra escuta-la. Por eles ela suporta as piores tempestades. Por eles ela dorme com um cobertor mofado achado em lugar algum. Por eles ela repete milhares de vezes, diarimente, a palavra “ ajuda” . É por eles que ela tenta recuperar sua dignidade.
Samantha tentou muito, e continua tentando. Ela consegue apenas o suficiente pra uma refeição por dia... Ela não tem nada além disso. E consegue se manter, por amor. Em sua caixinha de sapato usada como cofre, as palavras das quais nem mesmo os mais perfeitos escritores conseguem explicar a essência:
“Deus é fiel” e “Viva por eles”....
A trajetória de Samantha, que se repete inúmeras vezes em vidas diferentes, dificilmente terminará bem. Mas eles vivem pelos outros a TODO INSTANTE, e diferente de mim, e talvez de você; nunca por coisas que um dia ou outro terminarão. Eles vivem pelo amor, e o amor é eterno. Eles são os melhores filósofos e os únicos que acrescentarão boas palavras a sua vida. Por isso, se algum dia vir um deles nas ruas, implorando por uma ajuda qualquer, faça o possível pra conseguir ouvir uma das suas palavras de agradecimento. Pois nelas estão a “ essência que nem mesmo os mais perfeitos escritores conseguem descrever. ” A essência do amor. E por um instante você se sentirá amado por alguém que nunca havia visto, como Samantha.
Deixe as futilidades no segundo plano.Viva pelos seus amados. Viva por eles.
Espero que vocês reflitam... Obrigado =)
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7 comentários:
bom, gostaria mto de deixar a futilidade, mas no nosso mundo capitalista é impossível... :(
bju Felipe
À trajetória de Samantha, se juntam outros milhares que lutam pela sobrevivência nas grandes cidades. Infelizmente esse é um preço alto que pagam aqueles que deixam suas orígens paupérrimas para tentar a sorte (sobrevivência) na cidade grande. Quem sabe algum dia essa situação se reverta e as Samantha's não tenham mais necessidade de deixar suas orígens. De qualquer forma o problema está aí e não podemos ficar insensíveis diante dele.
É tão duro pensar que encontro e vou encontrar Samanthas todos os dias... nos sinais, nas portas dos bancos, até mesmo nas salas de aula na Universidade... e negar qualquer coisa é duro demais... dar algo e ficar na incerteza de que o dinheiro será gasto "da maneira correta" também dói... como é fácil esquecer que viemos do mesmo local e que somos filhos do mesmo Pai... assim, é mais fácil não sentir AMOR...
Abraços, cara! Magnífico texto!
olaaaaaaaa
bom a primeira vez que eu venho aqui
como eu não li o texto pq to meio ocupado
depois eu leio
bjosssssss
vaguinho
OIiii, li seu texto e realmente é preciso refletir!!!
Bom, abraços, fui...
orra,
cabeça tuh muleq
c td isu saiu da tua cabeça
parabéns
abraço p vc menino
th mais.
Ótimo post... bom ver que nem toda a juventude se mostra perdida em seu yunguismo e poucos olham para o lado e ainda se comovem com a dor do mais fraco.
É fácil para muitos dizer: não se pode dar o peixe; mas ninguém se dá ao trabalho de ensinar a ninguém como pescar. É amis fácil responsabilizar nosso governo obsoleto e antisocial, é mais fácil perguntar "E por quê não trabalha?"... é mais fácil nos proteger em nossos ambientes acondicionados e trancar nossas portas, e trancar nossa visão à realidade. O que os olhos não vêem, coração não sente.
Parabéns pelo post... acredito ser muito concreto e ébrio.
Guilherme
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