sábado, 17 de setembro de 2005

In Fortúnios causados pela [In]Justiça

E ele saiu da joalheria felicíssimo, pois sim, havia comprado aquelas belas e preciosas jóias que seriam o símbolo da sua nova vida – uma vida de luxo e riqueza. Há muito Evandro já sabia que havia de se tornar um ótimo consultor empresarial. Acabou por sendo um dos melhores no ramo. Mas foram anos de estudo e dedicação para chegar aí; quem conhece Evandro como novo socialite jamais imagina que sua infância se passou num bairro pequeno e humilde, numa casinha de dois cômodos. Pois bem, para alguém que nunca pôde ter nada do que quis, agora ter mais do que nunca quis seria mais do que justo certo? Prossigamos com a narrativa para comprovar:
Evandro levava para o carro a maleta sobrecarregada do mais fino ouro e das mais raras pedras preciosas, mas como um incidente é sempre um incidente, ele se sentiu cercado por vultos. O carro estava estacionado próximo a uma ponte que, naquela noite sombria, parecia ser uma ponte para um outro mundo, ou um caminho onde ele jamais se salvaria de um assalto. Eles estavam em quatro, dois fizeram a vigia, um ficou na cobertura do outro que abordara Evandro.
- Aê playboyzinho , pode passar tudo o que tiver aí!!
Evandro, frustado com a situação, não vigiou seus pensamentos que escaparam em leve e bom tom:
- Colega, é simplesmente inaceitável que após tantos anos pra conseguir me tornar alguém bem-sucedido na vida, eu vá entregar tão fácil o símbolo de minha glória a um qualquer que apenas vai se aproveitar da minha árdua batalha.
Com cara de quem não entendeu muita coisa, e ao mesmo tempo indignado com aquela ousadia, o assaltante não pensou duas vezes: tomou-lhe a maleta das mãos, a entregou ao companheiro, deu-lhe alguns socos no estômago e até pensou em sair de cena, mas seria muito pouco pra alguém com tamanha ousadia tomar apenas alguns socos. Por isso sacou seu revólver e disparou sem dó alguma nos pés e na mão direita de Evandro. A dor era muita, Evandro não conseguia mais sentir nada, o que em breve resultaria em paralisia total dos membros atingidos. Enquanto Evandro tentava se manter calmo para não piorar as coisas, os companheiros discutiam entre si que deveriam deixar o carro, porque este obviamente seria rastreado por satélite, então deveriam voltar em seus próprios carros. Estava tudo pronto pra irem embora, porém antes de dar seu adeus, o agressor de Evandro, com a maleta ainda em mãos, provocou, em tom de zombaria:
- Desculpe, meu colega... mas esses seus troços di ouro vão valer a pena pra uns bagulhos... Eu sei que cê deve tar com raiva, mas passa... – E completou – mas a justiça virá dos céus pra você.
Ele iria começar a gargalhar, mas neste momento, o céu enegrecido guiou um raio na cabeça do agressor. Fatal. Os companheiros assustados correram e fizeram o possível pra não entender o que significava aquilo. Evandro, atordoado, repetia consigo mesmo:
- Sim, a justiça vem dos céus...
Arrastou-se até a maleta caída, e com a mão esquerda que o sustentava, tentou agarrá-la. Por falta de coordenação motora, apenas ajudou pra que a maleta caísse ponte abaixo, até o rio. Evandro vociferava, furioso como um leão, tudo o que lhe vinha na cabeça. Por fim:
- Grande justiça dos céus... Eu trabalhei por isso! A justiça é uma b....
Em seu nervosismo, ele também foi pelo mesmo caminho da mala (...)
No dia seguinte, na parte limpa do rio, um velho mendigo foi buscar a água do dia em sua garrafinha, quando avistou uma pequena mala boiando em um canto da margem do rio. “Comida, espero” – foi o que ele pensou. Mal sabia ele que a justiça dos céus lhe pagaria pelo resto da vida o que ele nunca havia conseguido nela. E talvez isso prove que algumas vezes, injustiças acontecem para que a única e grandiosa Justiça possa se concretizar nas vidas que realmente precisam dela.

Dedicada à minha profesora Lourdes. Espero que gostem. =)

7 comentários:

vrmart disse...

tá no caminho. persista meu filho! persista e pratique, eis a trilha!

Anônimo disse...

Ola!
Adoorei..muito forte esse texto..u admiro muito esse tipo de texto que nos passa um aprendizado bacana..muito interessante
Parabens
Bjs a todos

Anônimo disse...

Achei mto interessante a forma da homenagem. Valeu mto!

Anônimo disse...

Gostei desse blog, muito interessante e vc escrevem bem.

Anônimo disse...

Chocante.. muito bom... parabens!

Tom disse...

Eu vou morar perto de um rio, também... espero que a justiça chegue até mim assi... hauhuahuahuahuahhaa
Abração, prodígio!

Anônimo disse...

Parabens pela história Fê e me desculpe por não ter comentado antes, mas fique sabendo que eu já havia lido e gostado.