sábado, 26 de maio de 2007

De onde viemos?
Pra onde vamos?
Como surgiu o Universo?
Quem é o Papai Natureza?
Quem são os pais da Mamãe Natureza?
Como surge o fogo?
De onde vem a água?
Até onde vai a terra?
Pra onde vai o vento?
Quem surgiu primeiro? O ovo ou a galinha?
Por que o pum fede e o perfume cheira?
Por que o papai usa terno todo dia nesse calorzão?

O Malabi sabe, mamãe?


Malabi, bi-la-ma, ma-bi-la, ma-ma-bi-la...
(Laura Finocchiar, Leca Machado)

segunda-feira, 21 de maio de 2007

cena em relevo, retrato em sépia



Severino andava tranqüilo por uma rua qualquer, olhar perdido, cantarolando uma canção qualquer, dessas sem verso nem refrão. Severino padrão, igual a tantos outros que perambulam pelas ruas. De repente impulsionado por nada dobrou uma esquina, oitocentos metros depois outra & três casas depois adentrou sorrateiro por uma porta suspeita, dessas com tinta descascada & faltando número, subiu apressado quatro lances de escada & num corredor com lâmpada queimada entrou num quarto suspeito, abriu uma cachaça barata, dessas com tampinha e nome esquisito, ligou no jornal das oito & enquanto cid moreira centenário & absoluto discorria sobre os males do homem, Severino enforcou-se com a gravata nova no encanamento do banheiro malcheiroso e num canto da boca um sorriso: teria enfim a paz, seria enfim feliz, ele que quase conseguiu, quase se formou, quase se casou, quase venceu, quase subiu na vida, quase conseguiu ser ele mesmo, Severino com um quase sobrenome, como tantos outros severinos quase gente em meio ao buraco negro da cidade grande, ele um quase severino.

terça-feira, 8 de maio de 2007

Mistério na praia

O corpo nu, estava ali, estendido no chão. O sol já apontava no horizonte. As mulheres dos pescadores começaram a se aproximar. As crianças, em um misto de medo e desconfiança agarravam-se nas pernas de suas mães. Na praia, junto com o corpo, jazia algum lixo trazido pelo mar.
As perguntas sobre quem era aquela pessoa começaram a ser ouvidas. Todos cochichavam e se perguntavam se alguém conhecia. Ninguém sabia responder.
Os meninos pegavam pedaços de pau e cutucavam o corpo para ver se tinha alguma reação as mulheres começavam a comentar sobre a beleza plástica daquele homem.
- Nossa, que desperdício. Se meu marido fosse assim, eu nem deixava ele sair da cama.
Os risinhos eram invitáveis enquanto as mulheres procuravam tampar os olhos das meninas que ficavam vermelhas diante da nudez do morto.
- Seria até mesmo capaz de me apaixonar por ele. Nossa que homem.
- Quem será ele? Será algum náufrago? Será que o mataram?
- Não parece ter sido morto por alguém ou ter sofrido algum acidente. Não tem sinal nenhum no corpo. Aliás, que corpo... Aff!!!
- Mamãe, esse morto vai pegar a gente à noite?
- Calaboca, menina! Ela não vai pegar ninguém não. Mas se pagasse, ai...
Uma a uma, as mulheres começavam a se sentir excitadas. Uma estranha atração as deixava em um estado de êxtase, vendo aquele corpo sem vida, porém, belo, atrativo...
Uma estranha luz começou a crescer e se tornar cada vez mais brilhante. Não se conseguia definir de onde vinha. Ofuscava a todos. As mulheres começaram a ficar apavoradas, porém, uma estranha sensação de prazer ainda dominava seus corpos. Uma sensação de gozo dominava a todas e procuravam proteger seus olhos.
Quando a intensidade da luz começou a diminuir, uma estranha névoa cobria a praia. Ouviram um barulho como algo caindo no mar. Olharam em direção onde estava o corpo na esperança de vê-lo por ali e aproveitar um pouco mais do prazer de sua beleza.
Nada mais viram. Começaram a andar em direção de suas casas comentando o que havia acontecido.
- Nossa! Que sonho estranho tive essa noite. Mas, foi tão bom... Ai, ai...
- Engraçado. Também acordei com uma estranha sensação, mas não sei o que é...- Sei lá... Só sei que está tão bom... Vi uma luz, um homem... Aliás, não tinha um homem caído ali na praia?