domingo, 29 de abril de 2007

FOOL-Turo

E aí gente!! Saudades dessa caixinha aqui hehe... Post atrasado pra variar, mas acho que tenho um desconto por ser o aniversariante do mês ;D.
Vamos ver se eu ainda funciono como blogueiro! ;)
Bom... achei engraçado o post do Luiz pois quando fiquei sabendo do tema pensei em algo muito parecido... Custou pra refazer minha idéia, e aí está ela... espero que gostem! =)



Fool-Turo

(CMSH, 67 de ouctubro de 3050)

- Querido, não está cansado?? Está trabalhando nessa manutenção há horas... não quer parar um pouco para repôr as energias??
- Obrigado querida, mas na verdade não falta muito....
- Entendo... percebi que este deu bastante trabalho.
- É verdade, estava todo desrregulado e...
- Claro, como a maioria... Escuta, fiquei sabendo que a última tecnologia dos chips complementares é o 304 da HR... já temos desse?
- Eu ainda não comprei esse, mas na verdade é pouca diferença... Neste aqui eu usei o HR-600...
- Qual era o problema desse??
- Não tinha nenhum chip complementar... deu um trabalhão pra desligá-lo, quando cheguei na casa do meu cliente ele era uma máquina de destruição... Estava pronto pra detonar tudo!
- Nossa!
- Sim, é bom que todos tenham um chip logo... bom saber que ainda existem alguns que não tem “bugs”, nem dão “tilts”.
- Só espero que continuem existindo, mas do jeito que as coisas vão... ....ei, que programação é essa que você está fazendo agora?
- Ah, essa aqui é pra que ele seja mais cooperativo com os outros. Já fiz as configurações para que ele seja pacífico e gentil, já reprogramei sua memória para que todas as lembranças que lhe trazem qualquer tipo de comportamento negativo sejam deletadas automaticamente assim que passem da tolerância. Também refiz as programações que dizem respeito aos sentimentos dele, tais como a absorção de ódio, raiva, stress e todo tipo de energia que prejudica seu corpo. Agora com certeza ele será mais carinhoso com seus semelhantes, isso é ótimo.
- NOSSA! Esse tava problemático mesmo!!
- É, além disso também instalei um filtro nele, pois estava liberando uma quantia acima do recomendado de CO2...
- É, o seu cliente devia saber que ele já precisava ter um desses... depois que leva uma multa não sabe por quê...
- Querida... impressão minha ou o telefone está tocando?
- Vou atender!!

A esposa vai até o telefone e atende:
- Casa de Manutenção de Seres Humanos XTL-670 , Ciborgue 458-ZY, boa tarde?

sábado, 21 de abril de 2007


foto: www.broadjam.com/, editada por Tom
“All this pressure on me cuz I don't know what to say...”
(Shaznay Lewis)



- Nada ainda, cara?


- Pois é, tá brabo, aqui...


- Você bem poderia considerar as opções, né?


- E tolher minha criatividade, minha alma como artista?


- Não precisa ser tão a ferro e fogo, assim! Lembre-se de que há um emprego a zelar, ou acha que a companhia pagará mais meses de estúdio sem nada de concreto para mostrar em troca? Se forem bem generosos, vão mandar músicas prontas feitas pra você! E os seus fãs?


- Que tem eles?


- Eles também não lhe esperarão por muito tempo! Ou acha que, com todo este furacão na internet, alguém irá esperar por um artista que não compõe mais nada a tanto tempo? É bom ter algo prra mostrar, e que seja um hit logo!


- É... parece que estou meio perdido, mesmo... quais as minhas opções?


- Bem, você pode ir ao bom e velho computador, aqui, do estúdio... nós temos aquele programa novo que consegue copiar a sua linha de pensamento... assim, o computador mesmo pode compor as suas canções do jeit que você as comporia.


- Mas aí não seria eu!


- Sim, seria você... pense que seria apenas o seu corpo se poupando de esforço... e quem disse que você não poderia mexer pessoalmente no resultado que o computador trouxesse?


- Não, não gostei dessa opção nem um pouco! Qual a outra?


- Bem, a outra é mais cirúrgica... seu cérebro está cansado... então, você pode fazer o transplante... certamente, você fez o seu clone, pra esses casos, não?


- Claro que não! Um clone seria outro ser, assim como eu!!! Não poderia fazer isso com outra pessoa!


- Pô, cara! Facilite a nossa vida, né? Eu sou só um engenheiro de som! Você que inventou de ser cantor/compositor/produtor, aqui!


- Quer dizer que sótenho estas duas opções, com todo o avanço científico e tecnológico?


- Por ora, é só, cara! Eu recomendaria repouso, mas você perdeu esta opção, depois destes anos todos sem lançar algo novo. A pressão irá começar a surgir logo, logo, é bom se preparar!


- Então, já que é assim, eu me rendo... chamem os colaboradores...

quinta-feira, 19 de abril de 2007

PANIS ET CIRCENSES



Hoje é dia de final de Copa do Mundo. Os amigos da comunidade M... já compraram as entradas com pelo menos seis meses de antecedência. Debitado na conta virtual de crédito e financiamento do Banco John’s Paul Morgan.

Os caras da comunidade M... são de vários países. Dois mexicanos, um americano, uma francesa, um australiano, três ingleses e um marroquino. Comunicam-se em dialeto msênico e transitam por todo mundo em viagens turísticas virtuais.

A Copa do Mundo ainda é o maior evento do planeta. Transmitido para mais de 170 países e disponível também para público virtual, já há pelo menos 20 anos. Funciona assim: você entra em contato com os organizadores do evento (em vídeo-conferência se for um grupo de pessoas) e escolhe num mapa, qual lugar quer se sentar no estádio. Os valores variam de acordo com a visibilidade pretendida. Escolhido o local, você recebe uma senha e, dependendo do tipo de plano escolhido, tem acesso a câmeras exclusivas: no vestiário, ao lado do banco de reservas, na beira do túnel por onde os jogadores entram em campo e por aí vai. Uma gama enorme de possibilidades.

Os amigos resolveram adquirir também, entradas exclusivas para a grande festa de encerramento, que costuma lotar casas noturnas após o término do jogo. São vendidas como parte do pacote e dá o direito à pista de dança, bar, lounge, jardins suspensos e camarotes vips.

Hoje então, os amigos da comunidade M... se conectam pelo menos umas 3 horas antes do início do jogo. As cadeiras são todas próximas. Para os australianos, ainda é madrugada, mas isso não parece ser problema. Há muito tempo, o mundo deixou de ser orientado por regras de horário comercial, bancário e de bolsas de valores. Os horários são flexíveis, assim como as relações trabalhistas, sociais e financeiras. Aliás, os amigos só mantêm suas nacionalidades por uma questão de respeito às culturas locais. Há pelo menos três décadas, os países deixaram de ter fronteiras físicas e passaram a se organizar em grandes blocos. Pra ser exato, quatro.

Ah... as cervejas ainda são reais. Pedidas pelo monitor global (uma espécie de TV em rede mundial) são entregues em casa em menos de 10 minutos. E são pagas em créditos virtuais.
Bem, quanto ao jogo, ninguém sabe ao certo se é real ou não. Mas também ninguém parece se importar.

A diversão está garantida.
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Wallace Puosso, 2057

domingo, 8 de abril de 2007

Tecnologias...





Estava cá pensando: até onde vai essa coisa de avanços tecnológicos, onde é que nós vamos parar? Certo é que esses avanços facilitam a nossa vida, mas será que chegaremos a extremos? Fui pra cama ontem com esse pensamento. Depois de ler um artigo sobre como será a nossa vida daqui 100 anos. Nossa não. A de nossos descendentes. A não ser que arrumem um pulmão artificial pra mim, que esse aqui já tá gasto desde já. Enfim.
Conversando com o Zé, amigo de longa data, chegamos a conclusão de que tecnologia demais acaba afetando demais, acaba estragando a graça de viver. Você, meu amigo, gostaria de viver 250 anos, mesmo com aquele corpinho de 200? Eu não consigo achar graça. Me imagino indo a um consultório médico, não mais para me consultar, mas para trocar meu pâncreas. Ou tendo de parar uma corrida no meio porque meu pulmão parou de funcionar, quanta inconveniência ter de trocar de pulmão no meio do caminho, que saco. E dá-lhe a gente se abrindo, literalmente falando, no meio da rua, arrancando um pulmão usado, jogando-o no lixo, arrancando outro da mochila e colocando no lugar.
E se de repente todas as figuras lendárias fossem mantidas vivas? Tem algumas atualmente que nem precisam, já dormem no formol. Mas outras... pesquisei com meus sobrinhos:


- Lucas, quem você queria que vivesse pra sempre?
- Bush.


Não. Não me parece boa idéia, descartemos isso, deixa pra lá. Nossos descendentes podem fazer escolhas erradas com todo esse avanço que certamente virá. E eu é que não quero estar aqui pra ver. E se estiver ainda de pé - metaforicamente falando - que seja muito fácil: se é pra ficar alienado, que inventem uma maneira de me tirar as retinas, que desse desastre não quero nem saber. Segue aí três casos possíveis que eu inventei agorinha. Ou não...



CENA I

Dois senhores no bar, conversando.
- Manoel, quando que é seu aniversário mesmo?
- Dia 21 de abril.
- Legal. Quantos anos? Se me permite perguntar, claro.
- Sem problemas. Vou fazer 142.
- Que coisa. Dez anos mais velho que eu. E nem parece.
- Obrigado.
- Mas me diz, Manoel, o que você fez para parecer mais novo?
- Simples, Antônio. Depois que eu troquei meus órgãos por órgãos artificiais, tudo ficou mais fácil. Só foi trocar o rosto por um mais novo. Recomendo.



CENA II

- Querida, cheguei.
Os dois se encontram na porta de entrada da casa, se beijam carinhosamente. Ele, Renato, 35 anos, moreno, olhos claros, cabelos negros caindo nos ombros, vestindo um terno já meio batido, mas nada muito chamativo. Humano. Ela, Cássia, 30 anos, morena, cabelos negros e longos, olhos azuis, vestindo uma roupa casual. Fruto de avançada tecnologia robótica.
- O que temos para jantar hoje?
- O de sempre, Renato. O de sempre...
- Não conseguiu variar, ainda?
- Não. Não consegui achar o programa que atualiza as receitas.
- Que pena. Lá vamos nós comer canja de galinha novamente... cadê as crianças?
- Foram passear no shopping. Só o Lucas, que está dormindo.
Renato entra no quarto do pequeno Lucas, seu filho de três anos. O menino dorme tranquilamente, Renato observa. Quando ele se aproxima mais do berço do garoto, este acorda e começa a chorar em alto e bom som. Com todo cuidado, o pai o carrega, levanta a camisa da criança, localiza o controle de volume em suas costas, e deixa no mudo. Lucas volta ao seu sono tranquilo.



CENA III

Um grande público prestigia uma partida de futebol. Há grande rivalidade entre os times, é um jogo disputado, muito corrido. A multidão vibra com as jogadas. Até que um lateral do time X acerta em cheio a perna esquerda do atacante do time Y. Fratura exposta, coisa feia mesmo. Entram os médicos no campo, prontamente. Correm para socorrê-lo. Ele não esboça nenhuma reação. E a perna lá, toda torta. O médico-chefe analisa a perna, coça o cavanhaque e grita.
- Ô Jorge, pega uma perna de titânio lá no vestiário, uma esquerda. Vamos ter de trocar essa.
O tal Jorge corre e volta com uma perna esquerda novinha. Retiram aquela que entortou com o impacto, rosqueiam a nova e o jogo segue normalmente.