terça-feira, 5 de setembro de 2006


Como posso saber?

Uma coisa é fato. Coisa que jamais ninguém poderá provar nem cientificamente, nem teoricamente é, sem dúvida, a existência de vida abstrata. Estamos falando sobre Deus.

Fui batizado, recebi a primeira comunhão, fui crismado. Por um tempo ajudei na igreja. Fazendo leituras, formando leitores, passando dinâmicas de grupo. Sem dúvida foram bons tempos. Ótimos tempos. Hoje em dia já não sou muito de igreja, já não consigo mais acreditar em tanta coisa.
Porém, aconteceu algo que me forçou a retomar uma posição em relação à existência (ou não) daquilo que os olhos não vêem. Conversando com um amigo ateu, conhecendo um pouco mais de um lado que a maioria recrimina, comecei a me questionar sobre o que realmente penso e o que realmente dá sentido à minha vida...
Certo também é que não duvido do poder da ciência e sua vantagem em relação à crença. A ciência mostra o como, o por quê, o quando, o onde e o quê, enquanto você precisa apenas confiar no que alguém te ensinou (ou impôs) para evidenciar a existência do sobrenatural. Pela simpatia que tenho pela ciência e pelo que sempre me foi ensinado me surgiu este conflito interno – o que é certo?
Pensei durante a noite, na hora de dormir, e percebi que indo ou não para a igreja, minha vida continuou a mesma, só o que mudou foi minha conceituação no que diz respeito à espiritualidade. E neste combate dos meus preceitos religiosos confrontando meus conhecimentos científicos, acabei me perdendo e dormindo... dormi com a preocupação da existência – ou não – de uma força transcedente...

No dia seguinte, tentei passear no parque (dar uma volta antes do expediente), e algo me iluminou e reorganizou as informações que voavam desesperadas na minha mente.

Acho que na noite anterior eu não queria ter certeza que Deus existe mas...

Enquanto eu ver castelos e bolos de aniversário na areia do parquinho,
e ver pipas coloridos no céu
e bicicletas velhas no chão,
e pequenos sorrisos por todos os lados,
e rabiscos em pedaços de papel
e ver que a infância existe...

Enquanto eu perceber que
Amor maternal existe
Bichinhos de estimação leais existem
Flores existem
O Sistema Solar existe
Pessoas que na miséria não desistem de lutar existem
Bebês existem
Artes plásticas existem
Arquitetura existe
A morte e a vida coexistem
A força da natureza existe
Pessoas boas existem
A sabedoria a serviço do bem existe
Diferentes culturas existem
Os cinco sentidos existem
A evolução das espécies existe
Pessoas com problemas existem
E os sonhos destas mesmas existem

E eu existo (tão complexo)
E você existe (tão diferente)
O ateísmo que me desculpe mas... Nunca vou conseguir adotar essa crença de que não exista sequer um ser (ou uma energia que move o mundo) que esteja bem longe de ser compreendido e explicado por um simples e complexo ser humano.


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Tema do mês: Crença