domingo, 6 de novembro de 2005

Claude Monet - As Papoulas Silvestres , 1873


Oiê pessoal!! Bom, eu iria postar no lugar do Luiz ontem, como favor. Mas não deu certo e eu tive que postar hoje, e mal sabe o Luiz que eu atrasei o post de qualquer forma rss ;(
Espero que gostem!

Beleza após Terror.
Naquele momento ela tinha certeza de que iria morrer. Não foi bonito, de fato. Andréa sempre pensou que morreria bonita. Sem marcas, sem desastres em seu rosto ou em seu corpo. E ainda pior: jamais pensou que morreria sendo estrupada. Ele havia a seguido durante o dia anterior. Sim, ela ficou assustada, mas imaginara que aquele seria apenas mais um admirador. Decidiu ignorá-lo, esperaria que ele se manifestasse, pois ele até que era charmoso... Um monstro charmoso. Mal julgamento de uma desditosa moça sensual, na casa dos vinte anos. Logo mais tarde, pega de surpresa na volta pra casa, ali estava ela naquele terreno abandonado. Fez tudo o que ele pediu, um pouco nervosa, mas o fez. Durante o ato tentou ser amigável, pois sabia que não poderia perecer naquela batalha. Certa vez lera um livro chamado Sorte, que contava sobre a história de uma garota que tivera sido estrupada na vida real. Suas lembranças disseram que como a personagem, ela deveria lutar. Poderia ser abusada sim, desde que saísse viva daquela. Foi tudo horrível, mas ela alimentava a esperança de que venceria aquilo, aquela batalha de atitudes e pensamentos rápidos. Feito o serviço pro monstro, ele a deixou naquela terra umidecida pela garoa. Ela fechou os olhos e respirou aliviada. Porém, ao seu voltar a ver, ali estava aquele revólver que há pouco estava frio e ameaçador em sua espinha. Mas dessa vez a mira era o seu rosto. Seu lindo rosto, sempre sem marcas nem manchas, era suave e dourado. Seus olhos verdes e seus cabelos loiros, sua boquinha pequena e provocante. Ela era uma escultura perfeita, - "moldada por Afrodite" - Dissera-lhe um ex-namorado. Agora um monstro estaria destruindo a escultura. Estrondo. A primeira bala atingiu a bela no seu lindo rosto. Sempre sem marcas. Nem manchas.Ela sentia o sangue quente, fervendo, brotando da escultura. O monstro lhe dissera que ela havia feito um serviço muito meia-boca. Esse era o pagamento por não lhe transmitir um pouco do prazer contido naquele corpo todo voluptuoso. Estrondo. Estrondo. Uma bala no ombro, outra na barriga. E ele se foi enquanto ela sofria, e pensava. Pensou em muitas coisas, pois morreria feia. Mas pensando bem quê importava isso? Adoraria ficar feia. Mas queria beijar a filha Sophia de novo. Queria ir ver a mãe no natal e queria visitar seus antigos alunos. Nada disso aconteceria pois ela estava agora indo pra outro lugar. Era de madrugada, em meio a um terreno próximo à margem de um rio fétido e poluído. Tudo era feio. E aquele corpo nu, ensangüentado e com um rosto deformado. Agonizando a terrível morte.Agoniza.Morre.Adeus ao amado mundo.Fecha os olhos.
Cruel mundo. Muito cruel.
Tudo parou de doer. Ela ainda estava na grama. Abre os olhos.O aroma das papoulas lhe sopra um sentimento de alívio. Ela levanta entre as flores. Seu rosto está perfeito, ela consegue tocá-lo. E seu corpo! Seu corpo não doía, ela estava em um vestido dourado e lindo e... e ela conseguiu se levantar perfeitamente! Estava sonolenta, como se nada tivesse acontecido... Como se anos tivessem se passado. Sentia algo em suas costas, um peso terrível. Mas o lugar em que estava era lindo. O sol batia em seu rosto e não permitia que ela abrisse bem os olhos, não ainda. Aos pouquinhos aquele clarão parou de incomodar sua vista. Confusa pelo "onde estou?" que lhe surrava a mente. Viu que no céu estavam as belas criaturas aladas que sua filha desenhava. Feixes de luz que flutuavam e dançavam à luz do Sol a melodia doce que pairava no ar, vinda de instrumento algum. Aquele peso atrapalhava a moça no seu sempre charmoso andar. Ela avistou uma estrada. Parou por um momento e tentou tocar o peso em suas costas. Tinha forma de asas. Afinal, eram asas. E um anjo lhe chamava para seguir a estrada, a linda estrada. A estrada que algum dia todos adentrarão e descobrirão o fim dessa minha narrativa. Mas não se assuste. A morte nos leva apenas para lugares bons. Sempre. =)

3 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns Fê! Você está se superando. Beleza de narrativa com um final surpreendente. Gostei! :-)

Tom disse...

Eu queria poder acreditar que há algo depois que tudo acabar por aqui... mas prefiro não me ater a grandes dúvidas, nem me encher de grandes esperanças que podem ser vãs. Faço o meu melhor por aqui, mesmo!
Mas eu bem gostaria d me ver neste lugar tão lindamente descrito por você, Prodígio...
Grande abraço!
ps: LUIZ, PREGUIÇOOOOSOOOOOOOOO!!!
hauhauhahuaauhha

Anônimo disse...

Karakas Felipe.... meu, tá muito perfeito esse texo.... é como já disseram, o final é supreendente!!!
Sem contar q seu texto é rico em detalhes, mas não se torna cansativo!!!

Adorei!
Continue assim... e vc vai longe!

Flw!