sábado, 7 de janeiro de 2006

Oi.
Como sou o primeiro a escrever neste novo ano, exponho aqui também as novas mudanças em nosso projeto. A partir de hoje, escreveremos não por um tema mensal, mas sim por um tema novo a cada primeiro sabado do mês. Por exemplo, hoje eu abro o mês com um tema que eu escolhi, e os outros escreverão sobre este tema até o primeiro sábado do próximo mês, quando quem escrever neste dia escolherá o tema do mês. E assim por diante.
Comemoramos também a eleição realizada no weblog Under Pressure, que apontou por maioria de votos este projeto como o melhor blog de crônicas de 2005, o que nos honra muito; além de ter nosso cronista Felipe Policarpo, que venceu por maioria absoluta o pleito para melhor cronista em blog (ver o discurso dele aqui) Agradecemos a todos aqueles que votaram em nós, essa eleição foi muito importante para que o nosso projto ganhasse mais vida.
Portanto, sejam todos bem vindos ao Escrevinhadores 2006.


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O grande livro azul dos sonhos




Já se foi o tempo em que se dizia que cada cabeça era um mundo. Hoje em dia, cada cabeça é apenas parte de alguma estatística inútil e sem sentido. Será que nós perdemos a nossa capacidade de sonhar? Como podemos deixar nossos sonhos, nossas vontades para trás por qualquer motivo fútil... seja ele dinheiro, alavanca social, emprego melhor remunerado... claro que tudo isso não deixa de ser importante, afinal ninguém vive sem isso. Mas há agora aquele momento saudosista, em que nos lembramos de quando éramos mais jovens e tínhamos o desejo de nos tornarmos médicos, bombeiros, engenheiros, músicos, cineastas... toda essa época passa quando crescemos, mas ainda há pessoas que mantém vivos os seus sonhos...

Jonas nasceu no interior de São Paulo. Filho de pai ausente (trabalhava para uma estatal, e vivia viajando - foi criado pela mãe), tinha em seus irmãos o seu refúgio. Era com seus três irmãos mais velhos do que ele que Jonas conversava e brincava, desde que aprendeu a falar, andar e correr. Quando completou seus dez anos de idade, ganhou de presente uma câmera, daquelas pequenas, caseiras. Ao bater os olhos no aparelho pela primeira vez, descobriu aquilo que muita gente adulta ainda não sabe: o que queria ser quando crescesse. Decidiu: queria fazer filmes.

O tempo foi passando, e Jonas foi crescendo. A faculdade de cinema para ele virou obsessão. Seu professor de história, no colegial, disse que se ele fizesse cinema ele morreria de fome. Enquanto ele tinha seus devaneios, seu pai (agora aposentado) implorava para ele arrumar um emprego de verdade e esquecer dessa história - fazer cinema no Brasil não dava lucro, dizia ele - mas Jonas continuava firme e forte. E quando completou dezenove anos, cometeu a sua primeira loucura, em nome da sua vontade: pegou o pouco dinheiro que tinha e montou um pequeno negócio de filmagens. Com apenas uma câmera e cheio de idéias, passou para a prática tudo aquilo que aprendeu vendo Spielberg, Buñuel, Kubrick, Scorsese, entre tantos outros que povoaram a cabeça do ex-menino. Contra tudo e contra todos, as coisas começam a dar certo, e ele se muda para São Paulo para ingressar na faculdade.

Alguns anos se passam. Jonas passou por maus bocados, passou dificuldades, seu pequeno negócio não existe mais. Seu pai nem seus irmãos não o ajudam, não acreditam no sonho dele. Mas com muita força de vontade, ele pega seu diploma, procura emprego por dois anos e consegue um estágio. Logo, passa a ser contra-regra, depois auxiliar de produtor, depois produtor e finalmente diretor. Volta para a casa, bem-sucedido na vida. Olha para os pais e irmãos, que agora estão orgulhosos de sua vitória sobre os males que a vida lhe impôs para que chegasse ao seu destino. Um repórter do jornal local vem ao seu encontro para uma entrevista com o filho ilustre da cidade. Ao ser perguntado sobre o que falta em sua vida, Jonas, um garoto que não poderia esperar nada da vida a não ser ver a vida passar lentamente mas escolheu seus próprios caminhos, respondeu na hora:

- Para mim não falta mais nada. Falta para os outros. Falta uma cabeça mais aberta, mais livre, falta esperança. Falta aquilo que há muito tempo não se vê: falta às nossas crianças, aos nossos jovens e até aos adultos um pouco a mais de sonhos. Enquanto hoje se vive uma onda de conformismo, eu continuei lutando por aquilo que desejei desde os dez anos. É isso que falta. Cada um de nós é um universo cheio de possibilidades. Falta apenas descobrir.



*baseado em uma história real que ainda não acabou.

4 comentários:

Anônimo disse...

Tenho certeza de que JLH vai encontrar seu caminho mais cedo do que todos possam imaginar!
Abraços, galera!
E O OMNICAM É NOSSOOOOOOOOOO!!!!

Anônimo disse...

Olá, Luiz!

Nossos sonhos só nós entendemos o significado, para os outros eles podem ser apenas pesadelos, e é bom que seja assim, já pesnou se fosse ao contrário? Felicidades ...não tenho dúvida do sucesso.

Um forte abraço

Anônimo disse...

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Paulo Assumpção disse...

Qualquer semelhança não terá sido mera coincidência, né? Excelente texto! Só não gostei do professor de História como vilão. Hehe! Mas compartilho de um sonho semelhante. Aliás, minha decisão de abraçar o próprio magistério teve uma recepção bem parecida com a que teve o Luiz, quer dizer, o Jonas ao seguir adiante em seu sonho. Parabéns pelo texto, pelo blog e pelo OmniCam! Mais do que merecido!